A Quadrilha
Também chamada de Quadrilha Caipira ou de Quadrilha Matuta, é muito comum nas festas juninas. Consta de diversas evoluções em pares e é aberta pelo noivo e pela noiva, pois a Quadrilha representa o grande baile do casamento que hipoteticamente se realizou. Esse tipo de dança (quadrille) surgiu em Paris no século XVIII, tendo como origem a contredanse française, que por sua vez é uma adaptação das country dance holandesa e alemã, segundo os estudos de Maria Amália Giffoni (1973). O marcador ou "marcante" desempenha papel fundamental, pois é ele quem dá a voz de comando em francês não muito correto e dirige as evoluções na dança.
Veja a ordem dos passos:
Caminho da festa - os pares seguem atrás dos noivos.
Anarriê (do francês en arrière) - as damas e os cavalheiros se separam (4m), formando duas colunas.
Os cavaleiros cumprimentam as damas - eles as cumprimentam, flexionando o tronco e voltando de costas.
As damas cumprimentam os cavaleiros - ídem.
As damas cumprimentam os cavaleiros - ídem.
Saudação geral - todos andam à frente e se cumprimentam ao mesmo tempo.
Balancê e tur (do francês balancé e tour) - os pares balançam os braços e giram juntos no lugar.
Grande passeio - as damas à direita dos cavaleiros, de braços dados, dançam num grande círculo.
Changê de damas ( do francês changé) - no grande passeio, os cavalheiros colocam as damas à frente. Muda-se o comando "passar duas", "passar quatro".
Olha o túnel - os noivos à frente param e elevam os braços, fazendo o túnel. O casal atrás vem à frente pelo túnel e os movimentos se repetem até que todos passem.
Segue o passeio - o grande passeio continua.
Caminho da roça - as fileiras de damas e cavalheiros se fundem numa só. Colocam-se as mãos nos ombros de quem está à frente e a fila progride, fazendo curvas como serpente.
Olha a chuva - todos dão meia volta.
Já passou - inverte-se.
Olha a cobra - as damas pulam e os cavalheiros tentam segurá-las.
É mentira - continuam dançando.
A ponte quebrou - dão meia volta.
Já consertou - inverte-se.
Olha o caracol - com as mãos nos ombros de quem está à frente, inicia-se um grande percurso com curvas que formam um caracol.
Desvirar - o caracol começa a ser desfeito.
Formar a grande roda - forma-se um grande círculo orientado pelo marcador (à direita ou à esquerda).
Damas ao centro - as mulheres formam um círculo no centro.
Coroa de rosas - os cavalheiros, de mãos dadas, erguem os braços sobre as cabeças das damas até à frente da cintura, girando à direita ou à esquerda.
Coroa de espinhos - as mulheres fazem o mesmo com os homens.
Olha o grande passeio - repete-se o grande passeio.
Vai começar o grande baile. Olha a valsa dos noivos - os noivos vão ao centro da roda e dançam.
Olha os padrinhos - os padrinhos dançam no centro da roda.
Baile geral - todos dançam no centro da roda.
O grande baile está acabando. Vamos nos despedir do pessoal - segue o grande passeio, despedindo-se.
A Quadrilha foi introduzida no Brasil durante a Regência e fez bastante sucesso nos salões brasileiros do século XIX, principalmente no Rio de Janeiro, sede da Corte. Depois desceu as escadarias do palácio e caiu no gosto do povo, que modificou suas evoluções básicas e introduziu outras, alterando inclusive a música. A sanfona, o triângulo e a zabumba são os instrumentos musicais que em geral acompanham a quadrilha. Também são comuns a viola e o violão. Os ritmos juninos são: quadrilha, forró, baião, xaxado, fandango, xote, coco e vanerão.
Fonte: GIFFONI, Maria Amália Correa. Danças Folclóricas Brasileiras e suas aplicações educativas. São Paulo: Melhoramentos, 1973.
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